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Rickenbacker 325: A Guitarra de John Lennon que Virou Ícone dos Beatles

Guitarra Rickenbacker 325 preta com acabamento brilhante e corpo semi-hollow

A Rickenbacker 325 não é apenas uma guitarra; é um símbolo atemporal que ajudou a moldar o som do rock. Com seu visual excêntrico, escala curta e corpo semihollow, ela conquistou espaço definitivo na história da música, especialmente após cair nas mãos de John Lennon. Embora seu design pouco convencional tenha desafiado muitos músicos, sua contribuição à cultura pop é inegável.

Um projeto visionário

No final da década de 1950, a Rickenbacker buscava inovar e se destacar entre os concorrentes norte-americanos. Foi então que Roger Rossmeisl, um luthier alemão de talento reconhecido, concebeu a série Capri, sendo a 325 seu primeiro modelo. Ainda que parecesse ousada para a época, essa guitarra logo se tornaria o estandarte de uma revolução sonora.

A 325 apresentava três captadores, vibrato e um corpo compacto sem as tradicionais aberturas em “f”. Tudo nela era diferente: do braço curto ao visual arrojado. Portanto, não demorou para chamar atenção, mesmo que sua pegada não fosse fácil para iniciantes.

O acaso que mudou tudo

Curiosamente, o primeiro exemplar de produção da 325 não foi vendido nos Estados Unidos, onde foi fabricado. Em vez disso, ele foi enviado para a Alemanha em outubro de 1958, a terra natal de Rossmeisl. Por lá, permaneceu à espera de um dono, até novembro de 1960.

Foi nesse momento que John Lennon, então um jovem músico em ascensão com os Beatles, adquiriu a guitarra em uma loja de Hamburgo. Essa decisão aparentemente simples transformaria a trajetória da Rickenbacker.

Importante destacar: a unidade que Lennon comprou tinha o número de série V81. Ela fazia parte de um lote inicial de apenas 30 guitarras, das quais apenas oito tinham as características exatas da 325 que conhecemos hoje — triplo captador e vibrato. Dessas, somente uma possuía dois captadores e não tinha o sistema de vibrato (a V111).

Expansão da série Capri

Com o sucesso inicial da 325, a Rickenbacker rapidamente decidiu expandir a linha Capri. Em meados de 1958, foram lançados outros três modelos com escala curta:

  • Rickenbacker 310: dois captadores e sem vibrato;
  • Rickenbacker 315: dois captadores e com vibrato;
  • Rickenbacker 320: três captadores e sem vibrato.

Dessa forma, a marca oferecia opções variadas para músicos com diferentes necessidades e preferências. Embora todas compartilhassem o mesmo DNA de design, cada uma possuía um toque distinto.

Um ícone visual

Visualmente, a 325 era facilmente reconhecível. Ao contrário dos modelos long-scale da série Capri — que traziam o característico “slash” ou “cat’s eye” no corpo —, as versões 325 apresentavam aberturas em “f” ou, em alguns casos, nenhuma abertura. Esse detalhe tornava o modelo ainda mais único.

Contudo, houve exceções. Entre 1964 e 1967, após um acordo de distribuição com a empresa britânica Rose-Morris, foram enviados para o Reino Unido modelos 325 com f-holes visíveis. Esses exemplares ficaram conhecidos como “Rose-Morris 1996” e se tornaram raros entre colecionadores.

O impacto da Rickenbacker 325 no som dos Beatles

A Rickenbacker 325 foi essencial para moldar o som inicial dos Beatles. Utilizada por Lennon durante a fase de Hamburgo e nos primeiros shows da banda, ela se destacou tanto em estúdio quanto nos palcos. Seu timbre brilhante e encorpado encaixava perfeitamente nas harmonias vocais e arranjos marcantes da banda.

Além disso, seu visual inusitado ajudou a consolidar a imagem dos Beatles como artistas vanguardistas. Mesmo após adotar outros modelos, Lennon manteve a 325 como uma de suas guitarras favoritas.

Não por acaso, inúmeros fãs e músicos passaram a buscar esse modelo ao longo dos anos, tentando capturar um pouco da magia que os Beatles criaram.

Uma guitarra para poucos

Apesar de sua importância histórica, a Rickenbacker 325 não é, de fato, uma guitarra para qualquer guitarrista. Isso porque sua escala curta (aproximadamente 52 cm) exige adaptação, principalmente em solos rápidos ou, até mesmo, em acordes mais complexos.

No entanto, vale destacar que quem domina suas particularidades encontra nela uma aliada versátil, além de uma sonoridade única. Isso acontece porque ela foi projetada para ser diferente — e, sem dúvida, cumpre essa missão com excelência.

Além disso, é importante ressaltar que seu corpo semihollow contribui significativamente para um som mais ressonante, tornando-a ideal para estilos como rock alternativo, indie e pop. Por outro lado, a presença de três captadores oferece uma ampla gama de timbres, o que, por sua vez, a torna bastante expressiva.

Uma peça de colecionador

Atualmente, os colecionadores valorizam extremamente os modelos vintage da 325, especialmente aqueles que a fábrica produziu entre 1958 e 1964. O mercado eleva a um patamar praticamente mítico aqueles ligados diretamente a Lennon, como a V81.

Adicionalmente, réplicas oficiais e reedições limitadas continuam sendo lançadas pela Rickenbacker, mantendo viva a lenda da 325 entre novos guitarristas.

Um legado eterno

A Rickenbacker 325 não é apenas uma guitarra vintage ou uma relíquia de museu. Ela é um símbolo de criatividade, ousadia e inovação. Desde seu surgimento como uma peça experimental até sua consagração com os Beatles, essa guitarra representa a união perfeita entre design e história.

Portanto, se você busca uma guitarra com alma, personalidade e um legado que ultrapassa décadas, a 325 continua sendo uma escolha certeira.

Gostou do mergulho na história da Rickenbacker 325? Continue nos acompanhando enquanto exploramos as guitarras mais icônicas do rock, uma por uma.

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